Lagarta-do-Cartucho, Spodoptera frugiperda. Reconhecida globalmente e no Brasil como uma das pragas mais destrutivas do milho e uma das principais pragas globais , sua capacidade de adaptação e alimentação em cerca de 100 espécies de plantas a torna uma ameaça constante em seu sistema produtivo, safra após safra.
Por que a Lagarta-do-Cartucho é Tão Desafiadora?
A Spodoptera frugiperda é um inseto polífago, o que significa que se alimenta de uma ampla variedade de plantas, atacando cerca de 100 espécies diferentes. Além do milho, ela afeta culturas como algodão, arroz, café, cana-de-açúcar, feijão, soja e trigo. Essa característica permite que a praga permaneça ativa no sistema produtivo ininterruptamente, encontrando diversas hospedeiras para sustentar seu ciclo de vida.
Os danos causados pela S. frugiperda são devastadores e variam drasticamente conforme o estágio de desenvolvimento da cultura, podendo levar a perdas de produtividade significativas, chegando a até 100% da produção em altas infestações.
- Em plântulas e plantas jovens (estágios iniciais): As lagartas se alimentam das folhas, deixando-as raspadas e perfuradas. Elas podem perfurar a base da planta, resultando no desenvolvimento do temido “coração morto” (dead heart). Isso compromete diretamente o ponto de crescimento e pode levar ao tombamento das plântulas, reduzindo a população de plantas e, consequentemente, sua produtividade.
- No cartucho e espigas (estágios mais avançados): As lagartas maiores se direcionam para o interior do cartucho, fazendo buracos nas folhas. No cartucho e nas espigas, elas danificam os grãos, afetando diretamente o seu enchimento. A localização da praga dentro do cartucho ou no interior das espigas no período reprodutivo é um grande desafio, pois dificulta o alcance do alvo pelos inseticidas, tornando o controle químico convencional menos eficiente.
Características da praga que contribuem para as perdas:
- Biologia da praga: A lagarta-do-cartucho possui um alto potencial reprodutivo e um ciclo de vida curto. O período larval dura de 12 a 30 dias, o que possibilita o surgimento de muitas gerações ao longo de um único ano agrícola.
- Clima Tropical Brasileiro: O clima tropical do Brasil, que permite cultivos sucessivos de culturas como milho, soja, feijão e sorgo, é um grande aliado da praga. Há alimento disponível durante todo o ano, o que contribui para a estabilidade da Spodoptera frugiperda na lavoura, dificultando sua erradicação natural.
Historicamente, o monitoramento tem sido um desafio, muitas vezes dependendo de inspeções visuais que podem ser demoradas e não detectam a praga na fase ideal para intervenção.
A Solução: Monitoramento Inteligente
Diante dos desafios impostos pela lagarta-do-cartucho, o monitoramento por meio de armadilhas digitais, como o sistema Trapview, surge como uma ferramenta altamente eficaz para o enfrentamento dessa que é a principal praga da cultura do milho no Brasil.
Vejamos como essa tecnologia contribui para mitigar os danos:
- Coleta de Dados em Tempo Real e Análise com IA: As armadilhas digitais da Trapview coletam dados em tempo real sobre a situação das pragas em todos os locais monitorados. Esses dados são enviados para a nuvem e analisados continuamente com tecnologia de Inteligência Artificial (IA), fornecendo informações cristalinas e estruturadas.
- Monitoramento de Adultos da Praga: O monitoramento de mariposas (adultos da praga) é fundamental, pois indica que a postura de ovos está ocorrendo ou prestes a ocorrer. A tecnologia digital aprimora esse monitoramento, tornando-o mais eficiente e preciso.
- Tomada de Decisão Precoce e Correta: O controle é demandado quando a infestação por lagartas atinge cerca de 15% das plantas, ou, no monitoramento por feromônio, quando 3 ou mais adultos são capturados por armadilha. A captura de três mariposas por armadilha é um sinal claro de que a praga irá atingir o nível de dano econômico. O monitoramento em tempo real permite detectar a praga na fase de mariposa, antes que as larvas causem danos severos, facilitando a tomada de decisão correta sobre a necessidade de controle. Intervir neste momento, antes da eclosão dos ovos ou quando as lagartas são muito jovens, é a estratégia mais eficaz , pois lagartas pequenas são muito mais suscetíveis aos métodos de controle (químico ou biológico) e os danos à cultura ainda não se tornaram significativos. Esperar até que as lagartas estejam grandes e abrigadas no cartucho ou espiga torna o controle muito mais difícil e menos eficiente, elevando custos e perdas.
- Otimização do Manejo Integrado de Pragas (MIP): O uso de armadilhas é um componente fundamental do MIP, que visa um conjunto de táticas sustentáveis. Ao fornecer dados precisos e contínuos, as armadilhas digitais permitem uma intervenção mais assertiva e no momento oportuno, evitando aplicações desnecessárias ou o uso inadequado que pode levar ao desenvolvimento de resistência da praga. O monitoramento contínuo é essencial para identificar o inseto nos estágios iniciais, quando as lagartas menores são mais suscetíveis às medidas de controle.
- Redução de Custos e Impactos Ambientais: A utilização de tecnologias como o Trapview está associada à redução de emissões de CO2, economia de horas de trabalho e diminuição de custos para os produtores. Isso se alinha ao princípio do MIP de preferir inseticidas seletivos, utilizar controle biológico sempre que possível, e evitar pulverizações aéreas ineficientes e de grande impacto ambiental.
Em resumo, as armadilhas digitais, modernizam e otimizam o monitoramento da Spodoptera frugiperda , fornecendo dados em tempo real e análises avançadas para embasar decisões de manejo , o que resulta em um controle mais eficaz, sustentável e econômico.